Por muito que custe, por vezes é necessário.
Ponto.
23 Anos de catequista (será?), quando se ama não são fáceis parar. Interromper, abandonar,.. esta rotina dominical de caminhada em grupos.
Tantos jovens que partilharam dias de conversas comigo, passeios, festas, oração, jogos, cantigas,... Tantos que alguns, eu tenho dificuldade em me recordar.
Os tempos mudaram, e muito. Não fui perfeito, falhei em muita coisa, poderia ter-me empenhado mais, que me perdoem. Outros terão "apanhado brutais secas", que me desculpem, pois falar de Jesus a quem não quer ouvir, não é tarefa fácil. Bem que falar de Jesus a quem quer ouvir também não o é... Valeu a pena, pois através de todos fui crescendo e a minha Fé também.
Foi bom estar com todos estes jovens ansiosos de conviver e partilhar, as suas aventuras em troca de algum tempo, mas de facto os tempos muito mudaram. Tenho sentido, ultimamente muita dificuldade em cativar e animar estes grupos... Tem sido cada vez mais remar contra a maré, pois os momentos são muito adversos. No entanto, não é algo que me preocupe, nunca tive medo de remar contra a maré, desde que a minha consciência me diga que vou bem. Mas, de facto, tem sido remar muito contra a maré. Para além do ambiente social e comunitário um tanto adverso, o maior obstáculo é o ambiente familiar. O núcleo familiar, tem sido muito adverso, e claro isso reflecte-se nos grupos. Com mais ou menos "justificação", no entanto, os Pais não podem esquecer que, se tem os filhos na catequese foi por opção deles: livre (?). Mas infelizmente ao fim de alguns anos esquecem-se de que os catequistas, não são funcionários "públicos" nem criados de ninguém, pois por vezes "ouvem-se" palavras totalmente inaceitáveis. Bem mais, quando nós catequistas, prescindimos do nosso tempo, da nossa família, para estar com os filhos dos outros... Apenas um exemplo. Enquanto que há 10 anos atrás no final de um ano lectivo ou de uma cerimónia mais "formal" como um Crisma, vários Pais abordavam o catequista, agradecendo, felicitando (ás senhoras oferecendo umas flores) ou convidando a passar pela casa para partilhar esse ambiente festivo. Hoje, muito poucos são aqueles Pais que agradecem ao catequista o esforço daquele trabalho gratuito, realizado ao longo desses anos ou pela cerimónia que envolveu vários serões. Reforço: nem eu nem ninguém andamos nisto para ser agradecidos por ninguém: nem Pais, nem o Pároco, é óbvio. Se alguém nos agradecer é Deus. No entanto, este pequeno exemplo, apenas mostra o afastamento dos Pais com a catequese/os catequistas. Porém, se o catequista se atrasar ou se algo correr menos bem, tantos dedos se apontam para ele...
Isto é apenas um desabafo, e não é por isso que me retiro. Não! Como já disse não me importo remar contra a maré. Vou sair, por motivos pessoais que me vão levar ao problema generalizado (com mais ou menos justificação) : Falta de tempo.
Pois vou estar, nos próximos meses/anos muito ocupado e como tal faço esta pausa/paragem. Provavelmente, não será uma paragem definitiva, pois parece-me que ser Cristão, obriga-me à acção. Mas ao nível da catequese da infância e adolescência será uma paragem definitiva. A vida muda os tempos mudam, e sinto que há mais que posso fazer, noutros campos/ramos. Talvez até mais necessitados de serem ajudados: ajuda sócio-caritativa, catequese de adultos, e outros... Veremos...
Não fazer nada é o mais fácil, nunca foi o meu lema, veremos quando a altura chegar... Até lá CARPE DIEM!
Ver-nos-emos por aqui...