Quando era mais novo, tinha uma veia mais poética do que agora, talvez a falta de tempo, me tenha afastado um pouco dessa arte. Hoje dedico-me mais à contemplação do trabalho dos poetas. È bom saber ouvir, ler os poemas e saber interpretá-los para nós. Conseguir vislumbrar o sentido inserido naquelas palavras entrelaçadas.. Quando esses poemas são “musicados” a beleza duplica. Hoje convido-vos a reler, porque certamente conhecerão esta bela letra da canção da Mafalda Veiga. que para mim é um hino à vida.
Fiquem bem, e tenham um excelente fim de semana!
Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração.