No site ecclesia AQUI vem lá uma carta do bispo emérito de Aveiro, onde tece algumas considerações sobre o papel e o trabalho específico dos Leigos nas comunidades Cristãs.
Infelizmente muitos pontos desse concílio ficaram esquecidos até hoje, e talvez agora que o Clero necessita mais de ajuda, vira-se para os Leigos, não será demasiado tarde?...
Aqui ficam algumas frases:
Os leigos foram durante séculos, esquecidos, se não mesmo ou menosprezados, na sua dignidade e condição eclesial. (...)
A Acção Católica e as iniciativas que a precederam, a reflexão teológica de gente com nome e mérito, algumas intervenções dos Papas, movimentos espontâneos surgidos em algumas Igrejas Particulares por essa Europa fora, a força de cristãos teimosos e acordados que acabaram por arrombar portas que tardavam em abrir-se, alguns bispos, padres e leigos a trabalhar com grupos comprometidos, que não se resignavam e assim foram apagando a pobreza da definição e da realidade laical, marcas de uma noite longa de empobrecimento. A nível alargado e, por parte de gente mais responsável, dos leigos pouco mais se dizia, além de que não eram nem clérigos, nem religiosos. Indicaram-se para eles, quase só em roda pé eclesiástico, algumas formas associativas que lhes poderiam propiciar algum conforto e ajuda espiritual, associações normalmente afectas a ordens e congregações religiosas.
(...)O Vaticano II, ao recuperar o sentido do Povo de Deus, varreu, em teoria, o campo da desconfiança e da menoridade laical. Mas a carga clerical do tempo pareceu ter entendido e considerado, prevalentemente, os leigos como colaboradores dos padres. Logo estes os apanharam para serviços do culto, recomendados pela reforma litúrgica, e para outras tarefas do género, processadas à volta do templo ou dentro do mesmo. Não foram muitos os que logo os ajudarem a compreender e a viver a sua vocação de cristãos no mundo, chamados a levar às realidades terrestres - família, profissão, vida associativa e social - as energias e a luz da mensagem evangélica.
(...)O que se pode esperar do trabalho dos leigos tem, como pressuposto, o reconhecimento da sua vocação e condição, da autonomia que lhes é própria, dos meios que se lhes proporcionam para a sua formação, da sua ligação à comunidade que os integra e apoia.
(...)Urge, por isso, o reconhecimento dos carismas próprios de cada um e a sua integração na vida da comunidade, bem como uma acção organizada nos diversos campos do apostolado. Urge a implementação, onde não existem ainda e o seu reconhecimento sem rebuços, onde já existem, de conselhos pastorais, diocesanos e paroquiais, constituídos por gente capaz, interiormente livre para ver, opinar, programar e avaliar as acções. Urge, também, não prender os leigos ao altar, porque o seu campo de acção é o da vida e das realidades temporais, pois aí se processam as suas responsabilidades familiares, profissionais e sociais.
Bom fim de semana!